Ministério Público pede à Justiça multa pessoal diária de R$ 5 mil a prefeito e secretária por falta de médicos em pronto-socorro de Divinópolis. Fila de espera chega ao absurdo de nove horas.

Cerca de 400 pessoas passam por dia pela unidade de pronto atendimento (UPA) de Divinópolis e, desse total, pelo menos 20% precisam de internação. Aproximadamente 90 médicos atendem na unidade e a cada 24 horas nove se revezam no plantão. As reclamações sobre a demora no atendimento e a falta de profissionais se tornaram rotina. O Ministério Público acredita que sejam necessários 23 plantonistas para atender a demanda.
Para tentar reverter o quadro, o promotor Ubiratan Domingues decidiu entrar com a ação direta contra o prefeito e a secretária municipal de Saúde. Segundo ele, o objetivo é criar multa com um efeito pessoal e, dessa forma, obrigá-los a revolver o problema. “Em 2009, recebemos denúncias dos médicos do pronto-socorro informando que a situação colocava em risco a vida dos pacientes. Iniciamos as investigações e decidimos entrar com a ação. A multa pessoal faz com que os gestores pensem em tomar uma providência em relação ao problema”, disse o promotor.
Para o representante do Conselho Regional de Medicina em Divinópolis, Alberto Gigante, a situação na pronto-socorro regional é intolerável. Ele atende na unidade há 25 anos e ressalta que as escalas de plantão não são seguidas e que a falta de profissionais é evidente, principalmente nos fins de semana. “Vimos atendendo 80 pacientes de uma só vez, o que faz cair a qualidade do trabalho. A situação é preocupante e o problema não deveria ter chegado a esse ponto”, afirma.
Problema nacional
De acordo com o procurador-geral do Município, Kelsen Rios, Divinópolis gastou este ano, até maio, mais de R$ 22 milhões com a saúde, o que representa quase 23% do orçamento municipal. Ele ressalta que a falta de médicos plantonistas é um problema nacional. “É isso o que vamos discutir na Justiça. Já abrimos vagas, mas não achamos médicos dispostos a trabalhar no pronto-socorro. É uma questão que precisa ser mais bem contextualizada diante da realidade que vivemos”, acrescenta.
A secretaria municipal de Saúde, Cherie Mourão, afirma que falta apoio do estado e da União aos municípios, que têm arcado com grande parte das contas relacionadas à saúde pública. “Fomos notificados e o que a população precisa entender é que esse é um problema nacional, que reflete a fragilidade do sistema público de saúde. Os municípios, de uma forma geral, recebem pouco incentivo e acabam arcando com as contas relacionadas à saúde. Isso deve ser levado em consideração”, acrescenta.
Longa espera
A contadora Ana Paula Dias Leal, de 29 anos, conseguiu ser atendida depois de nove horas de espera na terça-feira. Com fortes dores no abdômen, ela chegou a procurar a unidade no domingo, mas foi liberada. “A dor não passou e voltei. Agora, tenho de levar os exames para um cirurgião avaliar se será necessária uma cirurgia. Nem mesmo os médicos confiam no trabalho do pronto-socorro. Todos precisam esperar horas para conseguir atendimento”, afirma.
A depiladora Michelle Aparecida Silva, de 27 anos, conta que quando precisa ir ao pronto-socorro regional desmarca todos os compromissos do dia, pois sabe que vai passar muitas horas à espera do atendimento. Com a filha Vitória, de 7, ela reclama da falta de profissionais. “Ficar seis horas esperando é normal. Sempre acontece. Já passei por isso várias vezes”, explica.
Secretário Adjunto de Saúde ignora caos na saúde denunciado em imprensa estadual e ataca vereadora nas redes sociais
O caos da saúde pública de Divinópolis é notável. Após ser notícia na imprensa regional, a situação lamentável da UPA. A notícia da vez foi sobre a multa de R$5 mil reais por dia sem médico na unidade. A taxa deve ser paga pelo prefeito municipal e pela secretária de saúde. “Em 2009, recebemos denúncias dos médicos do pronto-socorro informando que a situação colocava em risco a vida dos pacientes. Iniciamos as investigações e decidimos entrar com a ação. A multa pessoal faz com que os gestores pensem em tomar uma providência em relação ao problema”, afirmou o promotor Ubibaratan Rodrigues em entrevista ao Estado de Minas.
Fonte: http://www.em.com.br