Em Divinópolis, chuva dá trégua, mas nível do Rio Itapecerica ainda preocupa. A população da cidade está sem água potável.


Divinópolis contabiliza mais de 50 famílias desalojadas e 7 famílias desabrigadas. Até a tarde o rio Itapecerica já estava a 7m36 acima do nível, além da sua metragem durante a estiagem cerca de 1m.
Ruas nos bairros Dom Pedro II,
Na Vila João Cota mais de 30 casas ficaram debaixo de água, Joaquim Antônio Manoel, mora na Vila João Cota há 52 anos e conta que não é primeira vez que o córrego transborda. “A Defesa Civil está andando pelo bairro com os macacões e não veio dar nenhuma assistência. Assistência é nossa mesmo, no braço, têm pelo menos 30 casas ilhadas, alguns foram pegos de surpresa. A gente ficou na expectativa e não sabia se iria subir.A maioria das pessoas quando viu a água entrando só subiu os móveis e saiu, a água chega a um metro e meio em alguns pontos”, conta.
O morador da Vila João Cota, João conhecido como Kiko foi um dos primeiros a serem afetados com o transbordamento do córrego. “As coisas da minha casa colocamos para cima, a Defesa Civil não apareceu aqui hora nenhuma, eles só vêem a água subir e não fazem nada. Meu sofá, guarda-roupa molhou tudo, as coisas leves a gente colocou pra cima”, desabafa.
Com a situação os moradores ilhados somente olharam suas casas sendo submersas pelas águas marrons do córrego. Muitos sentaram na entrada da Vila sem saber o que fazer, esperando o socorro que eles nem sabiam se viria pela manhã. A avenida Paraná continuou interditada durante todo o dia, assim como a Avenida JK sentido bairro/centro que está com o tráfego prejudicado.
O rio Itapecerica começou a transbordar por volta das quatro horas da manhã, pegando a população desprevenida, aos poucos começou a alagar ruas. A Praça Candidés, próximo a ponte do Niterói começou a ser alagada pela manhã, tendo mais da metade inundada até a tarde. O mesmo ocorreu com o Parque da Ilha e com o estádio Waldemar Teixeira de Faria.
A população ribeirinha ficou durante todo o dia em frente aos pontos críticos observando a movimentação do rio Itapecerica e dos córregos temendo uma enchente como a que assolou a cidade em 2008.
Marcos Antônio Rezende da Silva mora na rua Pitangui no Candelária há seis anos e é a segunda vez que a água chega até a sua casa. Após ligar inúmeras vezes para a Defesa Civil e não obter êxito decidiu por conta própria contratar um frete e levar suas coisas para a casa de sua mãe, ao ver a água entrar em seu lote chegando até a porta. “Essas coisas são minhas e estou levando para a casa da minha mãe. A Defesa Civil ficou de vir aqui e ajudar nós, mas não apareceram, agora nem o telefone eles atendem mais”.
Várias ruas do bairro Candelária ficaram alagadas, no final da manhã algumas famílias foram encaminhadas à Escola Estadual Vicente Mateus no bairro. Algumas famílias se mudaram antes que a Defesa Civil chegasse a entrar em contato, por isso talvez o número de desalojados seja maior do que apontado pelo órgão.
Joana Darc Ribeiro Tavares Gomes mora na rua Marataízes próximo ao campo de futebol e reclama da falta de alerta. “Ninguém dá as caras nem para te dar satisfação, e agora chegou comentário que abriram comportas se a abrir a gente está “ferrado”. Mas, ninguém fala nada, ninguém te ajuda, o alerta é o da água que vai chegando e a gente tem que sair, Divinópolis não está preparada para nos socorrer. A gente não sabe de nada, quando a gente vê a água já chegou”, indigna-se.

A Defesa Civil voltou à atenção para o bairro Porto Velho, próximo aos Rouxinóis onde algumas famílias foram retiradas. Moradores também foram retirados do Esplanada, da região do 48, da Vila João Cota, Candelária, Dom Pedro II e Jardim das Oliveiras.
Várias ruas do bairro Niterói que ficam próximas ao rio Itapecerica também ficaram alagadas com o transbordamento do rio. Sobre a ponte do Niterói a gerente da Defesa Civil, Edna Marta Faria

De acordo com Edna a água que estava represada em Cláudio chegou no município as quatro horas da manhã quando o rio atingiu 5,50. “Segundo informações da Copasa o rio hoje chega a 7m, a nossa esperança é de que ele realmente baixe e chegue aos 5m30, o que é uma situação mais privilegiada para os ribeirinhos”.
Segundo a gerente da Defesa Civil, 18 caminhões, 60 homens e 6 máquinas pesadas atuam em Divinópolis para retiradas das famílias. Seis monitores realizam medições nas áreas ribeirinhas dando informações a cada meia hora. “Os nossos monitores informaram que foram levados duas famílias para o Cetepe, as famílias do Candelária foram encaminhadas para a própria escola do bairro e a maioria está em casa de familiares, onde preferiram ficar”, pontua a gerente. Ela explica que a escola CAIC no Serra Verde também está preparada para receber as famílias desabrigadas.
Sobre a reclamação da população de que a Defesa Civil não apareceu para fornecer o devido apoio Edna avalia que quando o órgão não é chamado não é possível fazer vistoria. “Nós pedimos as pessoas para que liguem para o 199, 193 ou 190 que são disponíveis para atender a população. A partir do momento que eles precisam da nossa atenção, da nossa ajuda se tiverem um pouco de paciência serão atendidos”, frisa.