Arquivo histórico de escândalos políticos.


Acervo histórico:

Governo Ernesto Geisel  (1974 - 1979 )
1. Caso Wladimir Herzog
2. Caso Manuel File Filho
3. Caso Lutfala
4. Caso Atalla
5. Ângelo Calmon de Sá  (ministro acusado de passar um gigantesco cheque Sem fundos)
6. Lei Falcão  (1976)
7. Pacote de Abril  (1977)
8. Grandes Mordomias dos Ministros
Governo João Figueiredo  (1979 - 1985 )
1. Caso Capemi
2. Caso do Grupo Delfim
3. Escândalo da Mandioca
4. Escândalo da Brasilinvest
5. Escândalo das Polonetas
6. Escândalo do Instituto Nacional de Assistência Médica do INAMPS
7. Caso Morel
8. Crime da Mala
9. Caso Coroa-Brastel
10. Escândalo das Jóias
Governo Sarney  ( 1985 - 1990 )
1. CPI DA Corrupção
2. Escândalo do Ministério das Comunicações  (Grande número de concessões de rádios  e TVs  para políticos aliados ou não Ao Sarney. A concessão é em troca de cargos, votos ou apoio Ao presidente)
3. Caso Chiarelli  (Dossiê do Antônio Carlos Magalhães  contra o senador Carlos Chiarelli ou ‘Dossiê Chiarelli’)
4. Caso Imbraim Abi-Ackel
5. Escândalo da Administração de Orestes Quécia
6. Escândalo do Contrabando das Pedras Preciosas
Governo Fernando Collor (1990 - 1992 )
1. Escândalo da Aprovação da Lei da Privatização das Estatais
2. Programa Nacional de Desestatização
3. Escândalo do INSS  (ou Escândalo da Previdência Social)
4. Escândalo do BCCI  (ou caso Sérgio Corrêa da Costa )
5. Escândalo da Ceme  (Central de Medicamentos)
6. Escândalo da LBA
7. Esquema PP
8. Esquema PC  (Caso Collor)
9. Escândalo da Eletronorte
10. Escândalo do FGTS
11. Escândalo da Ação Social
12. Escândalo do BC
13. Escândalo da Merenda
14. Escândalo das Estatais
15. Escândalo das Comunicações
16. Escândalo da Vasp
17. Escândalo do Fundo de Participação
18. Escândalo do BB
Governo Itamar Franco  1992 - 1995 )
1. Centro Federal de Inteligência  (Criação da CFI  para combater corrupção em todas as esferas do governo)
2. Caso Edmundo Pinto
3. Escândalo do DNOCS  (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) (ou caso Inocêncio Oliveira  )
4. Escândalo da IBF  ( Indústria Brasileira de Formulários )
5. Escândalo do INAMPS  ( Instituto Nacional de Assistência Previdência Social )
6. Irregularidades no Programa Nacional de Desestatização
7. Caso Nilo Coelho
8. Caso Eliseu Resende
9. Caso Queiroz Galvão  (em Pernambuco)
10. Escândalo da Telemig  (Minas Gerais)
11. Jogo do Bicho  (ou Caso Castor de Andrade ) (no Rio de Janeiro)
12. Caso Ney Maranhão
13. Escândalo do Paubrasil  (Paubrasil Engenharia e Montagens)
14. Escândalo da Administração de Roberto Requião
15. Escândalo da Cruz Vermelha Brasileira
16. Caso José Carlos da Rocha Lima
17. Escândalo da Colac  (no Rio Grande do Sul)
18. Escândalo da Fundação Padre Francisco de Assis Castro Monteiro (em Ibicuitinga, Ceará)
19. Escândalo da Administração de Antônio Carlos Magalhães  (Bahia)
20. Escândalo da Administração de Jaime Campos  (Mato Grosso)
21. Escândalo da Administração de Roberto Requião  (Paraná)
22. Escândalo da Administração de Ottomar Pinto  (em Roraima)
23. Escândalo da Sudene de Pernambuco
24. Escândalo da Prefeitura de Natal  (no Rio Grande do Norte)
25. CPI do Detran  ( em Santa Catarina )
26. Caso Restaurante Gulliver  (tentativa do governador Ronaldo Cunha Lima  matar o governador antecessor Tarcísio Burity , por causa das denúncias de Irregularidades naSudene  de Paraíba)
27. CPI do Pó  (em Paraíba)
28. Escândalo da Estacom  (em Tocantins)
29. Escândalo do Orçamento da União  (ou Escândalo dos Anões do Orçamento  ou CPI do Orçamento )
30. Compra e Venda dos Mandatos dos Deputados do PSD
31. Caso Ricupero  (também conhecido como ‘Escândalo das Parabólicas’).
Governo Fernando Henrique  (1995 - 2003 )
1. Escândalo do Sivam
2. Escândalo da Pasta Rosa
3. Escândalo da CONAN
4. Escândalo da Administração de Paulo Maluf
5. Escândalo do BNDES  (verbas para socorrerem ex-estatais privatizadas)
6. Escândalo da Telebrás
7. Caso PC Farias
8. Escândalo da Compra de Votos Para Emenda DA Reeleição
9. Escândalo da Venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)
10. Escândalo da Previdência
11. Escândalo da Administração do PT  (primeira denúncia contra o Partido dos Trabalhadores  desde a fundação em 1980, feito pelo militante do partido Paulo de Tarso Venceslau )
12. Escândalo dos Precatórios
13. Escândalo do Banestado
14. Escândalo da Encol
15. Escândalo da Mesbla
16. Escândalo do Banespa
17. Escândalo da Desvalorização do Real
18. Escândalo dos Fiscais de São Paulo  (ou Máfia dos Fiscais )
19. Escândalo do Mappin
20. Dossiê Cayman  (ou Escândalo do Dossiê Cayman ou Escândalo do Dossiê Caribe)
21. Escândalo dos Grampos Contra FHC e Aliados
22. Escândalo do Judiciário
23. Escândalo dos Bancos
24. CPI do Narcotráfico
25. CPI do Crime Organizado
26. Escândalo de Corrupção dos Ministros no Governo FHC
27. Escândalo da Banda Podre
28. Escândalo dos Medicamentos
29. Quebra do Monopólio do Petróleo  (criação DA ANP )
30. Escândalo da Transbrasil
31. Escândalo da Pane DDD do Sistema Telefônico Privatizado  (o ‘Caladão ‘)
32. Escândalo dos Desvios de Verbas do TRT-SP  (Caso Nicolau dos Santos Neto  , o ‘Lalau ‘) 33. Escândalo da Administração da Roseana Sarney  (Maranhão)
34. Corrupção na Prefeitura de São Paulo  (ou Caso Celso Pitta )
35. Escândalo da Sudam
36. Escândalo da Sudene
37. Escândalo do Banpará
38. Escândalo da Quebra do Sigilo do Painel do Senado
39. Escândalos no Senado em 2001
40. Escândalo da Administração de Mão Santa  (Piauí)
41. Caso Lunus  (ou Caso Roseana Sarney  )
42. Acidentes Ambientais da Petrobrás
43. Abuso de Medidas Provisórias (5.491)
44. Escândalo do Abafamento das CPIs no Governo do FHC 

Governo Lula (desde 2003) 
1. Caso Pinheiro Landim
2. Caso Celso Daniel
3. Caso Toninho do PT
4. Escândalo dos Grampos Contra Políticos da Bahia
5. Escândalo do Proprinoduto  (também conhecido como Caso Rodrigo Silveirinha  )
6. CPI do Banestado
7. Escândalo da Suposta Ligação do PT com o MST
8. Escândalo da Suposta Ligação do PT com a FARC
9. Privatização das Estatais no Primeiro Ano do Governo Lula
10. Escândalo dos Gastos Públicos dos Ministros 
11. Irregularidades do Fome Zero
12. Escândalo do DNIT  (envolvendo os ministros Anderson Adauto e Sérgio Pimentel )
13. Escândalo do Ministério do Trabalho
14. Licitação Para a Compra de Gêneros Básicos
15. Caso Agnelo Queiroz  (O ministro recebeu diárias do COB  para os Jogos Panamericanos )
16. Escândalo do Ministério dos Esportes  (Uso da estrutura do ministério para organizar a festa de aniversário do ministro Agnelo Queizoz)
17. Operação Anaconda
18. Escândalo dos Gafanhotos  (ou Máfia dos Gafanhotos)
19. Caso José Eduardo Dutra
20. Escândalo dos Frangos  (em Roraima)
21. Várias Aberturas de Licitações da Presidência da República Para a Compra de Artigos de Luxo
22. Escândalo da Norospar  (Associação Beneficente de Saúde do Noroeste do Paraná)
23. Expulsão dos Políticos do PT
24. Escândalo dos Bingos  (Primeira grave crise política do governo Lula) (ou Caso Waldomiro Diniz )
25. Lei de Responsabilidade Fiscal  (Recuos do governo federal da LRF )
26. Escândalo da ONG Ágora
27. Escândalo dos Corpos  (Licitação do Governo Federal para a compra de 750 copos  de cristal  para vinho , champagne ,  licor e whisky )
28. Caso Henrique Meirelles
29. Caso Luiz Augusto Candiota  (Diretor de Política Monetária do BC, é acusado de movimentar as contas no exterior e demitido por não explicar a movimentação)
30. Caso Cássio Caseb
31. Caso Kroll
32. Conselho Federal de Jornalismo
33. Escândalo dos Vampiros
34. Escândalo das Fotos de Herzog
35. Uso dos Ministros dos Assessores em Campanha Eleitoral de 2004
36. Escândalo do PTB  (Oferecimento do PT para ter apoio do PTB em troca de cargos, material de campanha e R$ 150 mil reais a cada deputado)
37. Caso Antônio Celso Cipriani
38. Irregularidades na Bolsa-Escola
39. Caso Flamarion Portela
40. Irregularidades na Bolsa-Família
41. Escândalo de Cartões de Crédito Corporativos da Presidência
42. Irregularidades do Programa Restaurante Popular  (Projeto de restaurantes populares beneficia prefeituras administradas pelo PT)
43. Abuso de Medidas Provisórias no Governo Lula entre 2003 e 2004 (mais de 300)
44. Escândalo dos Correios  (Segunda grave crise política do governo Lula. Também conhecido como Caso Maurício Marinho )
45. Escândalo do IRB
46. Escândalo da Novadata
47. Escândalo da Usina de Itaipu
48. Escândalo das Furnas
49. Escândalo do Mensalão  (Terceira grave crise política do governo. Também conhecido como  Mensalão )
50. Escândalo do Leão & Leão  (República de Ribeirão Preto ou Máfia do Lixo ou Caso Leão & Leão )
51. Escândalo da Secom
52. Esquema de Corrupção no Diretório Nacional do PT
53. Escândalo do Brasil Telecom  (também conhecido como Escândalo do Portugal Telecom  ou Escândalo da Itália Telecom )
54. Escândalo da CPEM
55. Escândalo da SEBRAE  (ou Caso Paulo Okamotto )
56. Caso Marka/FonteCindam
57. Escândalo dos Dólares na Cueca
58. Escândalo do Banco Santos
59. Escândalo Daniel Dantas – Grupo Opportunity  (ou Caso Daniel Dantas )
60. Escândalo da Interbrazil
61. Caso Toninho da Barcelona
62. Escândalo da Gamecorp-Telemar  (ou Caso Lulinha )
63. Caso dos Dólares de Cuba
64. Doação de Roupas da Lu Alckmin
65. Doação de Terninhos de Marísa da Silva
66. Escândalo da Nossa Caixa
67. Escândalo da Quebra do Sigilo Bancário do Caseiro Francenildo (Quarta grave crise política do governo Lula. Também conhecido como Caso Francenildo Santos Costa )
68. Escândalo das Cartilhas do PT
69. Escândalo do Banco BMG  (Empréstimos para aposentados)
70. Escândalo do Proer
71. Escândalo dos Fundos de Pensão
72. Escândalo dos Grampos na Abin
73. Escândalo do Foro de São Paulo
74. Esquema do Plano Safra Legal  (Máfia dos Cupins)
75. Escândalo do Mensalinho
76. Escândalo das Vendas de Madeira da Amazônia  (ou Escândalo Ministério do Meio Ambiente).
77. 69 CPIs Abafadas pelo Geraldo Alckmin  ( em São Paulo )
78. Escândalo de Corrupção dos Ministros no Governo Lula
79. Crise da Varig
80. Escândalo das Sanguessugas  (Quinta grave crise política do governo Lula. Inicialmente conhecida como Operação Sanguessuga e Escândalo das Ambulâncias )
81. Escândalo dos Gastos de Combustíveis dos Deputados
82. CPI da Imigração Ilegal
83. CPI do Tráfico de Armas
84. Escândalo da Suposta Ligação do PT com o PCC
85. Escândalo da Suposta Ligação do PT com o MLST
86. Operação Confraria
87. Operação Dominó
88. Operação Saúva
89. Escândalo do Vazamento de Informações da Operação Mão-de-Obra
90. Escândalo dos Funcionários Federais Empregados que não Trabalhavam
91. Mensalinho nas Prefeituras do Estado de São Paulo
92. Escândalo dos Grampos no TSE
93. Escândalo do Dossiê  (Sexta grave crise política do governo Lula)
94. ONG Unitrabalho
95. Escândalo da Renascer em Cristo
96. CPI das ONGs
97. Operação Testamento
98. CPI do Apagão Aéreo  ( Câmara dos Deputados )
99. Operação Hurricane  (também conhecida  Operação Furacão  )
100. Operação Navalha
101. Operação Xeque-Mate
102. Escândalo da Venda da Varig

ENTENDA POR QUE A MORTE DE VLADIMIR HERZOG VOLTOU AO NOTICIÁRIO.

por: Daelcio Freitas
Foto que seria de Herzog, e fez o caso voltar à mídia.
Reprodução Correio Braziliense
No dia 17 de outubro de 2004, quase vinte anos depois do fim da ditadura militar (1964-85), o caso Vladimir Herzog voltou à mídia de forma chocante. O jornal Correio Braziliense publicou supostas fotos inéditas do jornalista, nu, antes de ser morto sob custódia do Exército em 1975.

O episodio provocou um mal-estar entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os militares, que após a divulgação das fotos publicaram nota dizendo que "as medidas tomadas pelas forças legais foram uma legítima resposta à violência dos que recusaram o diálogo".
 O presidente Lula considerou a nota "impertinente, equivocada e inoportuna" e exigiu retratação pública do comandante do Exército, general Francisco Albuquerque. A retratação, de cinco parágrafos, dizia, entre outras coisas: "o Exército lamenta a morte do jornalista Vladimir Herzog e não quer ficar reavivando fatos de um passado trágico que ocorreram no Brasil". Na quinta-feira (21 de outubro), o secretário de Direitos Humanos, ministro Nilmário Miranda, divulgou uma nota afirmando que as fotos não eram do jornalista. Segundo a nota, as fotos "são produto de uma investigação ilegal conduzida no ano de 1974 pelo antigo SNI (Serviço Nacional de Informações). Por violar a vida privada dos fotografados, ele se disse impedido -moral e legalmente- de revelar os nomes das pessoas na fotografia".

Tortura e morte
Na noite do dia 24 de outubro de 1975, Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, apresentou-se na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos. Segundo a versão oficial da época, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de jornalistas presos na mesma época, Vladimir foi assassinado sob forte tortura.

Por ser judeu, o corpo de Herzog foi encaminhado ao Shevra Kadish (comitê funerário judaico). Ao prepará-lo para o funeral, um rabino percebeu que havia marcas de tortura no corpo do jornalista, prova de que o suicídio tinha sido forjado.
 Em 1978, o legista Harry Shibata confirmou haver assinado o laudo necroscópico da vítima - na qualidade de segundo perito - sem examinar ou sequer ver o corpo. Contrariando os depoimentos de torturas e violências cometidas no interior do DOI-Codi, Shibata reconheceu que esteve algumas vezes naquele órgão para medicar presos, mas que os únicos casos que constatou foram de "micoses, gripes e similares".

Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família.

A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964 - 1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações.

No dia 31 de outubro de 1975, foi realizado um culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, do qual participaram 8.000 pessoas, num protesto silencioso contra a ditadura.

Na análise do rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, o assassinato de Herzog mudou o país. "Foi o catalisador da abertura política e da restauração da democracia. Esse fato será sempre a recordação dolorosa de um sombrio período de repressão, um eco eterno da voz da liberdade, que não se cala jamais."
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O Caso Lutfalla trata de denúncias contra o então governador Paulo Maluf e o ex-ministro Reis Veloso por irregularidades na concessão de empréstimos ao grupo Lutfalla.



O Caso Lutfalla trata de denúncias contra o então governador Paulo Maluf e o ex-ministro Reis Veloso por irregularidades na concessão de empréstimos ao grupo Lutfalla. Naquela época, BNDE fez empréstimos a empresa em regime falimentar contra a opinião de seu próprio presidente que chegou a exigir por escrito ordem de autoridade superior para jogar mais dinheiro do Tesouro em uma operação fadada ao fracasso.

A ordem veio e o dinheiro emprestado perdido. Outra ordem ministerial exigiu que os Bancos do Estado de SP, da Guanabara e do Brasil adquirissem cotas do capital da firma falida a fim de transferir para seus acionistas uma parte do prejuízos decorrentes da má aplicacão dos recursos públicos. O escandâlo foi investigado pela Comissão Geral de inquéritos, um instrumento do Poder Executivo

A despeito das denúncias que se multiplicaram desde o início desses processos, em 1974, nenhum quadro do primeiro escalão da ditadura militar foi punido, mesmo os envolvidos nos casosmais escandalosos. E somente em 1980 foi aprovada a primeira CPI para apurar uma grande denúncia de corrupção, a destinada a investigar o “Caso Lutfalla.

Mesmo assim, a comissão só foi instalada um ano depois, em função da obstrução dos governistas. Há inquérito sobre o caso Lutfalla, iniciado pela Polícia Federal que permanece até hoje obstruído no Ministério da Justiça.


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Caso Jorge Wolney Atalla 
 O empresário Jorge Wolney Atalla (à esq.), engenheiro especializado em petróleo, que trabalhou com o general Ernesto Geisel na refinaria de Cubatão nos anos 50, teria sido um dos financiadores da Operação Bandeirantes, organismo repressivo que torturou e assassinou estudantes, líderes sindicais e vários oposicionistas ou suspeitos de fazerem oposição ao regime militar em sua fase mais dura, nos anos 60 e 70. A denúncia foi publicada em 21/01/1979, no jornal Movimento, recuperado pelo arquivo Ana Lagoa - acervo especializado nos militares e na ditadura militar brasileira. A mesma denúncia foi tema de reportagem em 01/02/1976, na revista inglesa Sunday Time. O MovimentoOpinião e Pasquim foram importantes órgãos de imprensa de oposição à ditadura, chamados na época de alternativos.

Na relação de colaboradores estava Chico Buarque de Hollanda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Fernando Peixoto entre outros. Tinha como editor Raimundo Pereira.

No Brasil, além de suspeitas e denúncias de irregularidades que acompanharam a trajetória do Grupo Atalla, Jorge Wolney Atalla também era presidente da Coopersucar (Cooperativa Central dos Produtores de Açúcar), que em 1975 patrocinou o primeiro carro de Fórmula-1 brasileiro, o Fitti-1, pilotado por Wilson Fittipaldi, irmão de Emerson, campeão mundial da categoria.
Na época, a Coopersucar driblou a lei, que só permitia a formação de cooperativas de pessoas físicas. Ela era formada por pessoas jurídicas, e para camuflar a situação irregular da patrocinadora da equipe, uma grande publicidade foi armada na ocasião.

Segundo a Sunday Time e o jornal Movimento tudo começou com as manifestações de 1968 e 69 em São Paulo. Os militares, com apoio de indústrias, criaram uma “eficiente e espantosa máquina repressiva jamais vista no mundo, a Operação Bandeirante”, escreveu o jornalista Júlio Cezar Garcia, em Movimento.

Instalada nos fundos da 3ª Distrito Policial de SP, no bairro da Vila Mariana, a Oban, como era chamada a Operação Bandeirante, precisava de financiamento que foi dado voluntariamente pelas indústrias como Supergel, Ultra e Associagás, as maiores produtoras de gás domésticos liderada por Henrique Boilensen, que posteriormente foi assassinado e em sua memória foi criado um prêmio de Artes e Cultura. Entre os financiadores, a Coopersucar, liderada por Jorge Wolney Atalla, empresário morto em 2009, e que em sua homenagem escreveram: “foi responsável pelo início do Proálcool no Brasil, e um dos responsáveis pelo salto que o Brasil deu em etanol. Considerado um ícone do setor sucroalcooleiro.”

As usinas da Central Paulista de Açúcar e Álcool, em Jaú/SP, e Central do Paraná, em Porecatu/PR, já foram referência nos anos 1970. O jornal Valor Econômico, de 19/01/2009, informou que por volta de 2005, a área agrícola da Central Paulista havia sido arrendada para o grupo Cosan, então o maior processador de cana do mundo, e desde 2008, a usina Central Paraná não operava por falta de capital de giro. Além dos negócios de açúcar e álcool, o Grupo Atalla possuía a Cimentos Planalto SA, em Brasília, a Central Paulista de Inseminação Artificial (Haras Atalla), e outras empresas.

Atalla foi presidente da Coopersucar e um dos idealizadores do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), considerado um marco pelo setor por desenvolver variedades de cana mais produtivas. A Coopersucar, ligada a cerca de 70 usinas - 55% do açúcar e 60% do álcool produzidos no país - possuía nos anos 70, dívidas superiores a 6 bilhões de cruzeiros, apesar do empréstimo do governo militar ao grupo Atalla de 300 milhões de dólares.

Apesar de diversas vezes ter sido apontado como um dos maiores suportes financeiros da Operação Bandeirantes, a denúncia nunca ficou comprovada. “Mas o simples fato dessa hipótese ter sido levantada, marcou-o profundamente, escreveu o jornalista Aldo Martins, do jornalMovimento, em 15/06/1979.
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A Loteca envolvia fraude nos resultados dos jogos de futebol nos anos 80, uma complexa engrenagem de suborno montada pelos zebrões dos jogos e que envolvia jogador, técnico, dirigente, juízes e jornalista que formavam uma rede de corrupção.



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A Máfia da Loteria Esportiva foi denunciada em 1982, pela revista Placar, dirigida pelo jornalista Juca Kfoury, que na ocasião foi ameaçado por ter publicado a fraude envolvendo jogadores de futebol, árbitros, técnicos, dirigentes numa complexa engrenagem de suborno montada pelos “zebrões” dos jogos de futebol da Loteria Esportiva, a Loteca. A Placar desvendou essa máfia que sustentou durante anos uma rede de corrupção que lesava toda a sociedade brasileiraa.


Vinte e três anos depois, a Máfia do Apito, em 2005, desvendada pela revista Veja e Polícia Federal, continuava fraudando a Loteria Esportiva, e comprometendo o Campeonato Brasileiro. Se antes as apostas eram feitas nas casas lotéricas, na máfia atual a quadrilha lucrava em apostas milionárias em sites de jogatina na Internet. Um juiz forjava pênaltis, expulsava jogadores injustamente, validava gols ilegais e anulava gols legítimos.

Edilson Pereira de Carvalho, o juiz que chegou a pertencer aos quadros da FIFA, e seus comparsas, donos de bingos em São Paulo e Piracicaba faziam tramóias, em troca de propinas que variavam entre 10.000 e 15.000 reais por partida.


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A Loteca e a Máfia
- Nos anos 70, depois da criação da Loteria Esportiva, surgiram boatos de manipulação de resultados em alguns testes. Em 1981, os rumores cresceram e Placar designou o repórter Sergio Martins para mergulhar no caso. A revista priorizou o jornalismo investigativo no esporte, realizado em poucas vezes na história da imprensa esportiva brasileira.
Problemas no esporte eram tabus, e quando publicados ocupavam espaços pequenos e escondidos, afinal futebol é a alegria do povo. Durante muitos anos a imprensa esportiva divulgou com freqüência a chamada “máfia da loteria”. Primeiro Placar, depois Veja, ambas da Editora Abril, mas com uma diferença de 23 anos.
Mas foi no final de um ano de investigação nos anos 80, com a colaboração de um arrependido da Máfia, o radialista Flavio Moreira, que a reportagem da Placar foi publicada, desmascarando 125 envolvidos entre jogadores, juízes, técnicos, dirigentes e jornalista, numa complexa engrenagem de suborno montada pelos “zebrões” da máfia. O processo se arrastou na Justiça, com poucos resultados concretos.
Flávio Moreira era chefe do setor de loterias da Sport Press, que organizava os testes escolhendo alguns jogos que interessavam a Máfia, mandando-os para aprovação em Brasília. Esses jogos determinados envolviam clubes nos quais os vários grupos que formavam a Máfia da Loteria tinham facilidade de acesso.
Segundo a reportagem da revista esportiva, “Flávio Moreira chegara ao Rio logo após a Copa do Mundo de 1974 e alguns meses depois recebia um telefonema de Alberto Damasceno, radialista cearense com quem tinha amizade. – Flávio, uma pessoa de São Paulo quer falar contigo – disse Damasceno, supervisor e arrendatário do América de Fortaleza. Dias depois, Flávio mantinha seu primeiro encontro com João Nunes Filho, na época gerente do Banco Econômico, agência Pinheiros, em São Paulo, que se dizia representante de um grupo que jogava pesado na Loteria Esportiva.
Com o tempo, Flávio descobriu que Nunes era o próprio chefe do grupo e não apenas um mero representante. E, aos poucos, a participação de Flávio deixou de ficar restrita a escolha dos jogos nos testes que preparava. Passou a ser, na verdade, o principal contato do grupo na fabricação dos resultados inesperados nos campos de futebol do país. – “Era uma bola de neve”, comparou o radialista. “A cada dia ficava mais envolvido e consciente de que não dava mais para sair.”
Em dezembro de 1985, a Policia Federal finalmente anunciou a conclusão do inquérito sobre a Máfia da Loteria. Dos 125 acusados pela reportagem de Placar, apenas 20 foram indiciadas, pelas dificuldades de encontrar provas, apesar do grande número de evidências. A lista era encabeçada pelos comerciantes Ary Gil Cahet, Manoel Rodrigues Mansur, Roque Antonio Pereira Pires, Leon Barg e Aziz Abdalla Domingos, indiciados como membros das ramificações carioca e paranaense do esquema.
Placar também revelou que os jogadores do Vasco da Gama, Adeir Pinheiro e Sérgio Pereira também se envolveram com a Máfia da Loteria. Eles foram acusados oficialmente por ex-companheiros de equipe da Desportiva Ferroviária de terem pretendido manipular o resultado da partida Desportiva x Ordem e Progresso, jogo 4 do teste 568 do dia 11/10/1981, quando tentaram subornar o goleiro Rogério com 300 mil cruzeiros a fim de que facilitasse a derrota da Desportiva, no que seria a maior zebra do teste.
As investigações da revista descobriram onde os zebrões descarregavam suas apostas em São Paulo: na Loteria Esportiva Bom Retiro. A casa de propriedade de Francisco Aspis, que o diretor de futebol do Colorado, Aziz Domingos, o comerciante paranaense Leon Barg e o carioca Manoel Rodrigues Masur, o Nelito, jogavam com freqüência, segundo o próprio Aspis.
(Atualizado em 29/07/2011).
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