Comitiva de Secretária de Estado da Educação tenta impedir trabalho da imprensa com violência e autoritarismo.


Um lamentável incidente foi registrado na manhã da quarta-feira (11) em Divinópolis durante cobertura da TV Candidés na visita da Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais, Macaé Evaristo. Assessores da representante do Governo do Estado tentaram impedir o trabalho da imprensa, até mesmo ordenando que gravações fossem apagadas, usando de violência física e psicológica e até mesmo de cárcere de privado.

O fato aconteceu após a equipe composta pela repórter Nayara Lopes e Ian D`masoy ter sido escalada para acompanhar a visita da Secretária Macaé Evaristo à E.E. Monsenhor Domingos onde a mesma iria conhecer os projetos ligados a inclusão social através do ensino da cultura afrobrasileira nas escolas. A matéria inicialmente positiva, terminou com repercussão extremamente negativa para a Secretária, seus assessores e membros do Partido dos Trabalhadores que acompanhavam a visita.

Em entrevista hoje ao Programa “Bom Dia Divinópolis”, a repórter, o cinegrafista e o Diretor da TV Candidés Flaviano Cunha explicaram o ocorrido:
Conforme o relato apresentado no programa que foi transmitido pela Rádio Minas AM/FM, TV Candidés e Portal MPA, a repórter e o cinegrafista chegaram à escola e solicitaram entrevista da Secretária. De imediato, a assessora identificada como Iara, teria pedido para ver a pauta, no que foi informada que se tratava dos motivos da visita. Foi autorizada a gravação. No decorrer da entrevista, a reportagem questionou sobre a lei que trata do ensino da cultura negra nas escolas. Prontamente respondida, a matéria se encerrou ali. Macaé Evaristo porém, entendeu que um dado não estaria correto e pediu para gravar novamente ou que fosse retirado o trecho em que fala que nada foi feito neste sentido nos últimos doze anos. A equipe concordou.


Quando saía do local, a equipe da TV Candidés foi novamente abordada pelas assessoras Iara e Daniela que disseram que a gravação deveria ser apagada e que a reportagem não poderia ser feita. Alegaram inclusive, que a TV não tinha cumprido o protocolo de entrevistas e que por isso a matéria não era autorizada. Diante da negativa de apagamento da reportagem, passaram a pressionar a equipe. Nessa hora o cidadão Humberto Pozzoline que estava presente chegou a intervir afirmando que ensinaria o cinegrafista a usar o equipamento para apagar a reportagem.

Quando a abordagem ocorreu, a repórter Nayara Lopes e Yan já estavam fora da sala na Escola Monsenhor Domingos onde ocorreu a entrevista. Neste momento, o Diretor da escola, identificado como Kleuber Luiz, teria empurrado o portão eletrônico, fechando-o, impedindo a saída do cinegrafista, afirmando que sua partida só seria permitida após o mesmo deletar a gravação. Diante da negativa, o portão foi aberto e um homem entrou empurrando, pegando no pescoço de Yan, dizendo ser policial militar e exigindo que o mesmo apagasse a gravação. O cinegrafista conta porém, que o homem estava trajando roupas normais e em nenhum momento apresentou identificação que o caracterizasse como PM.

Diante de nova negativa o funcionário da TV Candidés foi mantido como refém, em cárcere privado, por cerca de uma hora. O mesmo só foi libertado depois que chegou ao local o Diretor de Jornalismo Flaviano Cunha. É válido ressaltar que em nenhum momento ninguém interviu no que estava acontecendo. Também não se posicionou o Superintendente de Ensino Sílvio Faria, que estava no local.

Nayara Lopes, diz que foi pressionada pelo cidadão Humberto Pozzolini, que trabalhou no Governo do ex-Prefeito Demétrius Pereira, que hoje é filiado ao Partido dos Trabalhadores – PT. A repórter afirma ter sofrido grande pressão psicológica e chegou a chorar, ela conta na entrevista que pensou até mesmo em abandonar a profissão e que dormiu muito mal à noite.

Ao término de toda a confusão a equipe retornou para a TV e veiculou a fala, que antes pretendiam cercear. O Departamento jurídico do Sistema MPA avalia o ocorrido e afirma que vários crimes se caracterizaram no episódio como abuso de autoridade, cárcere privado, cerceamento da liberdade de expressão e outros.

Veja a reportagem produzida pela TV Candidés que a equipe da Secretária Macaé Evaristo tentou impedir:

Secretaria de Educação trata censura como “mal entendido” e lamenta.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) lamentou a situação e a tratou como “mal entendido”.

“A SEE reitera seu reconhecimento e respeito ao trabalho da imprensa, com plena liberdade, tanto que é praxe na Secretaria atender aos veículos de comunicação com a presteza e o respeito que o trabalho jornalístico exige – tanto que, na terça-feira (10/03), primeiro dia da visita da secretária Macaé Evaristo a Divinópolis, todos os veículos de imprensa foram atendidos”, consta na nota.

O fato ocorreu após a equipe da TV se negar a apagar a entrevista concedida pela secretária. Em um dos trechos, que teria feito como que a equipe tentasse evitar que a gravação fosse ao ar, Macaé dizia que nos últimos 12 anos nada foi feito para inclusão da cultura negra nas escolas.

Duas assessoras teriam ameaçado a equipe de processo, caso a gravação não fosse apagada, alegando que não foram cumpridos os protocolos da SEE. Diante da confusão, militantes do PT interfiram pressionando a repórter Nayara Lopes e o cinegrafista Ian D`masoy. O cinegrafista chegou a ser impedido de sair da escola por quase uma hora.

A situação só se normalizou após a chegada do diretor de jornalismo da TV, Flaviano Cunha. O fato também foi acompanhado por um policial militar sem farda que acompanha as comitivas do governo.

Por: Silvio França 
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Assunto relacionado:

CASO DA CENSURA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO: equipe de TV afirma que ficou retida em escola, diretor e superintendente negam. O caso da tentativa de censura à equipe da TV Candidés, já relatado por vários meios de comunicação, ocorreu na quarta-feira (11), quando da visita da secretária de Educação, Macaé Evaristo à cidade de Divinópolis

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